sábado, 18 de agosto de 2012

Alimentação de novilhas na fase de recria

Dentre os fatores que contribuem para o baixo desfrute da bovinocultura de corte no Brasil, destaca-se a idade elevada de acasalamento das novilhas. Essa idade está associada com a fase de recria, que envolve o desenvolvimento do animal da desmama ao início do processo produtivo, ou seja, o estágio em que este atinge o peso ideal para manifestar a puberdade.

Em virtude de o desenvolvimento ponderal entre o desmame e o início da vida produtiva ser vagaroso, a fase de recria nas regiões tropicais reúne o maior contingente populacional. Ademais, a fase de recria retém os bovinos, especialmente os zebuínos, por longo tempo, entre 12 e 36 meses. Essas duas características combinadas, ou seja, grande contingente populacional e prolongada duração da fase de recria, contribuem para reduzir a eficiência do processo produtivo nos trópicos.

Face aos grandes investimentos (terra, instalações, animais, etc.) e aos altos custos de manutenção (alimentação, trabalho, produtos veterinários, etc.) que acompanham um rebanho de recria, torna-se desejável que os animais entrem em produção o mais precocemente possível e haja melhora da eficiência reprodutiva principalmente das fêmeas primíparas. Assim, torna-se necessário encurtar o tempo de permanência dos animais na fase de recria e para que isso seja possível é necessário o conhecimento das alternativas que propiciarão melhor aproveitamento dos recursos produtivos visando a maximizar o retorno econômico.

A idade à puberdade é de extrema importância quando o sistema de produção prevê acasalamento de novilhas para possibilitar o primeiro parto em idade mais precoce.

A puberdade e, conseqüentemente, a idade ao primeiro parto são reflexo direto da taxa de crescimento, que é determinado pelo consumo de alimentos. As novilhas que concebem cedo na estação de monta desmamam bezerros maiores e têm maior produtividade durante a vida. Novilhas com puberdade inerentemente precoce podem acasalar a custo menor do que novilhas com idade inerentemente tardia à puberdade.

As novilhas devem manter-se crescendo durante todo o ano para que alta porcentagem delas apresente ciclo estral e taxa de concepção normal. Períodos de irregularidade na distribuição de alimentos ocasionam severos efeitos no retardamento da concepção. Variações no consumo de alimento, com nível restrito durante a seca, exercem influência negativa sobre a idade à puberdade e a idade à primeira fecundação.

A taxa de fertilidade de novilhas cobertas em seu primeiro cio é menor do que a obtida no terceiro estro e, conseqüentemente, seria ideal que as novilhas atingissem a puberdade cerca de dois meses antes da estação de monta. Isto evitaria que novilhas concebam ao final da estação de monta e, conseqüentemente, tenham ainda menores possibilidades de conceber durante a estação de monta seguinte como primíparas.

A utilização de pastagens melhoradas, com espécies de maior qualidade e adequada disponibilidade, é uma garantia para índices reprodutivos altos e consistentes entre os anos, especialmente para vacas jovens, sendo fundamental em sistemas intensivos de pecuária.

Embora a fase de recria seja menos complexa do que a fase de cria, ela requer muita atenção do produtor, pois os requerimentos nutricionais do animal em crescimento estão constantemente mudando, em função de alterações na composição de seu corpo. À medida que a idade do animal vai avançando, reduz-se a taxa de formação de ossos e proteína, com aumento acentuado na deposição de gordura. Do início dessa fase até a puberdade, o monitoramento do ganho de peso diário é fundamental, não devendo ultrapassar a média de 900 gramas por dia. Este procedimento evita a má formação da glândula mamária (acúmulo de gordura e menor quantidade de tecido secretor de leite) resultando em menor produção de leite para o bezerro e, conseqüentemente, menor desempenho de sua progênie.

A idade à primeira cobrição determinará a alimentação das novilhas nessa fase. Idades à primeira cobrição mais precoces (15 - 16 meses) exigirão planos mais elevados de alimentação do que aqueles para idades mais avançadas para a primeira cobrição (24 - 26 meses).

Embora a idade cronológica da novilha seja importante, geralmente a puberdade ou a idade ao primeiro cio para a maioria das raças européias ou cruzamentos é reflexo da idade fisiológica (tamanho ou peso). Desse modo, o plano de alimentação a ser adotado para as novilhas cruzadas será aquele que, de forma mais econômica, permita que elas atinjam o peso para cobrição o mais cedo possível. O peso vivo para cobrição das novilhas varia de acordo com a raça ou o grupo genético e também com o nível de alimentação que poderá ser fornecido após a cobrição, mas tem sido sugerido de modo geral o peso de 300 kg para as fêmeas cruzadas e de 280 kg para as fêmeas da raça Nelore.

Fonte: Embrapa