Os esforços mundiais contra o desmatamento deveriam dar mais ênfase às causas subjacentes do problema, como a demanda por produtos agrícolas e biocombustíveis, em vez de focar quase exclusivamente no uso das árvores para o combate à mudança climática, como faz a ONU, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira.
O relatório da União Internacional das Organizações de Pesquisa Florestal (Iufro, na sigla em inglês) diz que houve um progresso apenas limitado na proteção de florestas nas últimas décadas. Dados da ONU mostram que, no período de 2000-2009, 13 milhões de hectares (tamanho aproximado da Grécia) foram desmatados por ano.
“Nossas conclusões sugerem que ignorar o impacto das florestas sobre setores como agricultura e energia vão condenar quaisquer novos esforços internacionais cuja meta seja conservar as florestas e desacelerar a mudança climática”, disse Jeremy Rayner, professor da Universidade de Saskatchewan que presidiu o painel da Iufro.
O desmatamento responde por cerca de 10% de todas as emissões de gases do efeito estufa por atividades humanas. As árvores absorvem carbono ao crescerem, mas liberam gases ao serem queimadas ou apodrecerem.
O estudo da Iufro diz que o maior problema é que o desmatamento, seja na Amazônia ou no Congo, costuma ser causado por pressões econômicas muito distantes. Uma popular marca global de biscoitos, por exemplo, usa óleo de palma oriundo de cultivos de terras desmatadas na Indonésia.
A Iufro cobrou políticas de “complexidade abrangente”, como a educação dos consumidores e auxílio a povos indígenas, em vez de usar somente um mecanismo de “tamanho único”, como o armazenamento de carbono.
Fonte: Ibirubá Florestal