SÃO PAULO - As commodities agropecuárias foram negociadas em 2010 com valores jamais atingidos antes no País. Boi, açúcar, café e algodão estão entre os produtos, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, órgão que acompanha diariamente os preços das principais commodities agropecuárias no mercado interno.
Neste ano houve duas fases distintas. Uma fase no primeiro semestre, em que os preços internacionais, apesar de estarem acima da média histórica, continuaram relativamente pressionados e, consequentemente, no mercado interno também com preços considerados baixos, principalmente para o milho. No segundo semestre os preços melhoraram com tendências altistas.
Para o especialista em commodities da Cerealpar Corretora de Cereais Ltda, Steve Cachia, alguns fatores favoreceram essa situação. "Na verdade a mudança foi causada por fatores climáticos este ano. Estávamos em uma situação incerta, apesar da demanda aquecida oriunda do mercado internacional, mas em função da crise econômica vimos especuladores e fundos de investimentos meio retraídos com expectativa da safra americana relativamente grande, e o pessoal não quis arriscar demais", analisa. "Quando chegou julho, começou a seca na Europa e isso acabou mudando o panorama do mercado. A demanda continuava forte, mas tínhamos um cenário diferente, em que a oferta não era tão grande quanto o esperado."
Na comparação com anos anteriores, Cachia lembra que as diferenças são gritantes. "Mas temos de lembrar que ninguém consegue comercializar tudo o que produz de uma vez. Quando começou a alta do preço, boa parte do mercado já havia negociado sua safra, mas na média o ano, para os produtores, foi melhor que o ano anterior", acredita.
As perspectivas para 2011, segundo o analista, seguem otimistas: "Isso porque ainda existem incertezas climáticas na América do Sul, por conta do fenômeno La Niña, principalmente na Argentina, que está deixando várias áreas com risco de estresse na lavoura, risco de quebra", lembra. "E também por causa da demanda forte e agressiva, principalmente na China. Esses dois fatores, aliados ao fato de que o pior momento da crise econômica já passou, talvez possam estimular fundos e especuladores a serem mais atuantes no mercado, e isso seria um fator de alta."
Para Cachia, a realidade atual do mercado não permite afirmar que uma commodity possa se destacar durante o ano. "Na minha visão, o mercado está todo interligado, não tendo como destacar uma commodity apenas. Um puxa o outro, e isso também aconteceu em 2010, quando a soja não devia ter subido mas subiu porque o trigo teve quebra na Europa e acabou puxando o milho e a soja. Depois veio a vez do milho de liderar a alta das commodities porque a safra americana ficou muito abaixo do esperado, e ele puxou novamente trigo e soja."
Para Cachia, a soja poderá iniciar esse ciclo de aumentos das commodities em 2011, principalmente devido à alta demanda da China pelo produto. "Agora pode ser a vez da soja, não sei ao certo o que vai acontecer, mas ela talvez lidere a alta das commodities este ano", afirmou. "Sabemos que a demanda da China é agressiva, as incertezas na safra da América do Sul, e a forte demanda para óleos vegetais estão deixando os estoques muito apertados. Quem sabe se não é a hora da soja de liderar a alta de preços dos grãos?"
Para o especialista, a expectativa é de que nos primeiros meses de 2011 ainda tenhamos preços elevados. "No segundo semestre o panorama pode mudar, porque sabemos que o mercado agrícola responde muito rápido à alta de preços. Quando o preço sobe, todo mundo planta o produto mais rentável, e, se não tivermos problemas climáticos nos EUA no ano que vem, teremos oferta abundante - o que geraria pressão sobre os preços", diz Cachia.
Lucílio Alves, pesquisador do Cepea, diz que há três anos o setor de commodities vivia momentos ruins, com pouca rentabilidade. A primeira reação dos produtores foi o uso de menos tecnologia na produção ou a transferência para outras culturas, mais rentáveis. O resultado foi uma oferta menor, acentuada ainda mais pela ocorrência de problemas climáticos em várias regiões produtoras.
Neste ano houve duas fases distintas. Uma fase no primeiro semestre, em que os preços internacionais, apesar de estarem acima da média histórica, continuaram relativamente pressionados e, consequentemente, no mercado interno também com preços considerados baixos, principalmente para o milho. No segundo semestre os preços melhoraram com tendências altistas.
Para o especialista em commodities da Cerealpar Corretora de Cereais Ltda, Steve Cachia, alguns fatores favoreceram essa situação. "Na verdade a mudança foi causada por fatores climáticos este ano. Estávamos em uma situação incerta, apesar da demanda aquecida oriunda do mercado internacional, mas em função da crise econômica vimos especuladores e fundos de investimentos meio retraídos com expectativa da safra americana relativamente grande, e o pessoal não quis arriscar demais", analisa. "Quando chegou julho, começou a seca na Europa e isso acabou mudando o panorama do mercado. A demanda continuava forte, mas tínhamos um cenário diferente, em que a oferta não era tão grande quanto o esperado."
Na comparação com anos anteriores, Cachia lembra que as diferenças são gritantes. "Mas temos de lembrar que ninguém consegue comercializar tudo o que produz de uma vez. Quando começou a alta do preço, boa parte do mercado já havia negociado sua safra, mas na média o ano, para os produtores, foi melhor que o ano anterior", acredita.
As perspectivas para 2011, segundo o analista, seguem otimistas: "Isso porque ainda existem incertezas climáticas na América do Sul, por conta do fenômeno La Niña, principalmente na Argentina, que está deixando várias áreas com risco de estresse na lavoura, risco de quebra", lembra. "E também por causa da demanda forte e agressiva, principalmente na China. Esses dois fatores, aliados ao fato de que o pior momento da crise econômica já passou, talvez possam estimular fundos e especuladores a serem mais atuantes no mercado, e isso seria um fator de alta."
Para Cachia, a realidade atual do mercado não permite afirmar que uma commodity possa se destacar durante o ano. "Na minha visão, o mercado está todo interligado, não tendo como destacar uma commodity apenas. Um puxa o outro, e isso também aconteceu em 2010, quando a soja não devia ter subido mas subiu porque o trigo teve quebra na Europa e acabou puxando o milho e a soja. Depois veio a vez do milho de liderar a alta das commodities porque a safra americana ficou muito abaixo do esperado, e ele puxou novamente trigo e soja."
Para Cachia, a soja poderá iniciar esse ciclo de aumentos das commodities em 2011, principalmente devido à alta demanda da China pelo produto. "Agora pode ser a vez da soja, não sei ao certo o que vai acontecer, mas ela talvez lidere a alta das commodities este ano", afirmou. "Sabemos que a demanda da China é agressiva, as incertezas na safra da América do Sul, e a forte demanda para óleos vegetais estão deixando os estoques muito apertados. Quem sabe se não é a hora da soja de liderar a alta de preços dos grãos?"
Para o especialista, a expectativa é de que nos primeiros meses de 2011 ainda tenhamos preços elevados. "No segundo semestre o panorama pode mudar, porque sabemos que o mercado agrícola responde muito rápido à alta de preços. Quando o preço sobe, todo mundo planta o produto mais rentável, e, se não tivermos problemas climáticos nos EUA no ano que vem, teremos oferta abundante - o que geraria pressão sobre os preços", diz Cachia.
Lucílio Alves, pesquisador do Cepea, diz que há três anos o setor de commodities vivia momentos ruins, com pouca rentabilidade. A primeira reação dos produtores foi o uso de menos tecnologia na produção ou a transferência para outras culturas, mais rentáveis. O resultado foi uma oferta menor, acentuada ainda mais pela ocorrência de problemas climáticos em várias regiões produtoras.