sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Brasil vai importar feijão até de Estados Unidos e Canadá

              O Brasil deve iniciar uma nova rota na importação do feijão, com Canadá e Estados Unidos a partir de outubro, para suprir uma possível falta do produto na safra 2010/2011. Geralmente, o País já compra da Bolívia e da Argentina e, em algumas situações, da China. A entrada desses dois novos países no caminho brasileiro é em função de fenômenos climáticos como o La Niña, que será intenso, principalmente, no centro-sul.

             Com isso, já existe produtor vendendo o feijão carioca a R$ 200 a saca - preço considerado alto pelo setor, nos postos de São Paulo e Rio de Janeiro - com a intenção de tirar o prejuízo futuro. O feijão preto custa entre R$ 110 e R$ 115, quando o preço do mercado está firme. Segundo previsões de Marcelo Lüders, presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Feijão e Legumes (Ibrafe), o País deve comprar de Estados Unidos e Canadá entre 80 mil a 90 mil toneladas da leguminosa. Os estoques de feijão do governo, ainda de acordo com Lüders, não são suficientes para atender a forte demanda interna. "Faltará feijão no mercado interno", disse. Lüders comentou que, no total, o País compra entre 70 mil e 80 mil toneladas de feijão de Argentina e Bolívia.

          O presidente do Ibrafe comentou também sobre a alíquota de importação. Não há tarifa quando o País negocia com o Mercosul, no caso Argentina. A situação se altera, contou Lüders, quando o País for adquirir feijão de Canadá e Estados Unidos, uma vez que a Receita Federal irá cobrar uma taxa de 10% pelo produto. "O ideal seria que [a Receita Federal] reduzisse esta taxa a 0%, para que não haja repasse do preço para o consumidor final", disse. Sandra Hetzel, analista de mercado da Unifeijão, estima que a região do centro-sul do País poderá perder em janeiro, se não houver chuvas, entre 30% e 40% na produção de feijão. "É uma perda muito grande e pode complicar o abastecimento no início de janeiro", contou. Para Sandra, o cenário para o produtor pode se agravar de acordo com o mês em que a plantação for realizada: "Por exemplo, de um modo geral, as plantações são em setembro e outubro e a colheita é feita após 90 dias.

            O agricultor que plantar em outubro poderá ter mais perdas na produção em virtude da ausência de chuvas", disse. De acordo com Lüders, em São Paulo, mais de 70% da lavoura é de feijão de sequeiro, que depende exclusivamente da água da chuva e não é irrigado. "A falta de chuva pode causar uma situação catastrófica para a cultura", falou. Segundo dados do Ibrafe, o Brasil consome, aproximadamente, 5 milhões de sacas de feijão - de todas as variedades - por mês. Por ano, o consumo brasileiro chega, em média, a 3,5 milhões de toneladas.

 Diário do Comércio & Indústria

Sugestão:  Volnei Righi /Ijuí-RS