Muitos problemas de contaminação do leite se dá no processo de ordenha, a limpeza de utensílios e equipamentos de ordenha são fundamentais para termos leite de qualidade, por isto, estamos postando as informações que seguem, que são retiradas de materiais publicados pela Embrapa. Acreditamos que estas informações possam ajudar alguns leitores do Blog que buscam informações sobre o tema.
A limpeza correta dos utensílios e equipamentos da ordenha auxilia na produção de leite com qualidade. O leite ordenhado mecanicamente deixa resíduos nas tubulações por onde ele passa, e esses resíduos podem ser uma das fontes de contaminação para o leite, aumentando a CTB. O processo de limpeza dos equipamentos de ordenha não permite esterilizá-lo, e sim desinfetá-lo, ou seja, eliminar micro-organismos patogênicos (causadores de doenças).
A higiene dos equipamentos de ordenha depende de alguns fatores, tais como: condições das superfícies internas e externas, natureza dos resíduos aderidos, produtos de limpeza e de sanitização disponíveis, água potável, temperatura da água e ordenação das operações.
Existem dois tipos de resíduos que se acumulam nos equipamentos de ordenha:
a) Os orgânicos, representados pelas gorduras, proteínas, lactose, podem ser removidos por soluções de produto alcalino ou alcalino clorado.
b) Os inorgânicos, representados pelos depósitos de minerais tais como: cálcio, magnésio, sódio, potássio, etc. Os depósitos de constituintes do leite no equipamento de ordenha se processam na forma de películas que são provenientes de reações bioquímicas, em que os componentes orgânicos (gordura, proteína, carboidratos) se ligam na presença de um mineral, proveniente da água e do leite. Esta película constitui excelente substrato para as bactérias favorecendo o ambiente onde elas podem se multiplicar. Há resíduos de sólidos minerais (inorgânicos) formados pelo depósito de cálcio, magnésio e íons de ferro, comumente conhecidos como pedras de leite, que se apresentam com texturas porosas e invisíveis quando molhados. Geralmente são removidos por soluções de produtos ácidos e/ou contendo sequestrantes.
As características físico-químicas da água são fatores de grande relevância no processo de limpeza. A dureza da água (água rica em sais de cálcio e magnésio) é o principal componente que afetará o processo de limpeza, uma vez que o produto só promoverá efeito de higienização após neutralizar estes sais. Em relação à qualidade microbiológica, o uso de água com qualidade microbiológica insatisfatória na limpeza e higienização da ordenha pode comprometer a qualidade e segurança do leite e de seus derivados.
A rotina de limpeza eficiente deve ocorrer imediatamente após a ordenha, para remover totalmente os resíduos de leite (principalmente a gordura), e ainda as bactérias ou leveduras. A temperatura e o PH das soluções de limpeza são muito importantes para determinar a eficiência na higiene.
A limpeza correta deve ser aquela que resulta de uma ação física bem realizada, associada à utilização de produtos químicos diluídos em concentrações corretas (recomendadas pelos fornecedores) usando-se água de boa qualidade. A limpeza dos equipamentos deve ser realizada imediatamente após a ordenha, pois dela dependem não só a qualidade do leite como também o bom estado e a durabilidade do equipamento.
A limpeza do equipamento de ordenha deve seguir as seguintes etapas: Pré-enxágue: a primeira fase se baseia na passagem de água morna entre 38 e 43 °C pela tubulação de leite, sem recircular, para arrastar com a água a maior parte dos componentes do leite que ficaram no equipamento. Nesta fase consegue-se retirar até 97% dos resíduos de leite. O uso de água à temperatura ambiente (18-25 °C) nesta fase deve ser evitado, porque a gordura pode se “fixar” nas paredes do equipamento, uma vez que ela se solidifica.
Limpeza com detergente alcalino clorado: a segunda fase consiste da utilização do detergente alcalino clorado. A ação dos detergentes alcalinos ocorre em temperatura de 75 a 77 °C, conforme especificação dos fabricantes dos produtos. No entanto, deve-se iniciar o processo em temperaturas próximas do limite superior, para evitar que ao final da limpeza esta temperatura não esteja abaixo de 43 °C. Quando a temperatura da solução estiver abaixo, a solução pode iniciar o depósito da fração sólida que removeu em temperatura mais alta. Esta fase deve ter uma duração de 10 minutos. O pH desta solução deve estar entre 10,0 e 11,5. A alcalinidade ativa deve ter uma concentração mínima de 250 a 300 ppm (partes por milhão), com 50 a 80 ppm de cloro disponível. Os detergentes devem ser adquiridos de firmas idôneas, sempre acompanhando o prazo de validade e guardados em local seguro.
Após a circulação com detergente alcalino, deve ser realizada uma passagem da água em temperatura ambiente sem recircular, para tirar os restos de solução de limpeza.
Limpeza com detergente ácido: A terceira fase compreende a limpeza com detergente ácido. Os detergentes ácidos têm a função de remover os minerais provenientes do leite e da água utilizada na limpeza. Os minerais formam incrustações na superfície interna das tubulações e mangueiras, prejudicando os processos de limpeza e reduzindo a eficiência dos detergentes.
A frequência do uso do detergente ácido vai depender da dureza da água. Com águas ricas em minerais, acima de 150 ppm de CaCO3, o enxágue deve ser diário; abaixo de 150 ppm de CaCO3, a frequência pode ser semanal. Deixar a solução circular por cinco minutos com água morna (35 a 45 °C) ou temperatura ambiente. O pH desta solução deve estar entre 3,0 e 4,0.
Sanitização: Vinte a trinta minutos antes de iniciar a ordenha, sanitizar o equipamento, com hipoclorito de sódio (150 ppm de cloro) à temperatura ambiente (18 a 25 °C), deixando circular por cinco minutos. O objetivo desta sanitização é eliminar as bactérias que sobreviveram durante a limpeza e se desenvolveram durante o intervalo das ordenhas. Após a sanitização, não realizar o enxágue, apenas a drenagem (retirar o excesso de solução que pode ter ficado na tubulação).
Limpeza da tubulação de vácuo: A higiene da tubulação de vácuo deve ser realizada uma vez por mês, ou sempre que houver subida de leite para tubulação de vácuo.
O vácuo, ao passar do balde ou latão para o interior da tubulação, pode levar gotas de leite e formar incrustações no interior da tubulação, tornando-se focos de contaminação e dificultando o fluxo de ar.
Partes externas: As partes externas que não estão em circuito de limpeza devem ser lavadas com detergentes, escovas apropriadas e água (coletor, latões, tubulações etc.).
Em equipamentos de balde ao pé, a limpeza é manual, feita com detergente, escovas apropriadas e água. A escova exerce uma ação mecânica de grande importância. As escovas devem ser de boa qualidade, não muito duras a ponto de danificarem as borrachas. Na limpeza manual o detergente deve ser espumante para auxiliar na dispersão e na remoção dos resíduos da superfície, mantendo-o em suspensão.
Para utilização dos produtos de limpeza e desinfecção, recomenda-se que o ordenhador use aventais, luvas, botas e óculos de segurança. Em caso de contato com os olhos ou a pele, lavar com água em abundância por no mínimo 15 minutos.
Todas as etapas utilizadas na limpeza de equipamentos de ordenha devem ser seguidas na higienização dos tanques de resfriamento do leite. Uma limpeza inadequada do tanque de refrigeração pode levar à ocorrência de alta CTB no leite
Fonte: EMBRAPA