sábado, 20 de novembro de 2010

O ronco do Bugio

Local: Dois Arroios/Alto Alegre/RS
       O ronco do bugio pelo que se sabe torna-se cada vez mais raro, assim como quero-quero é o sentinela dos pampas, avisando o índio de quando alguém se aproxima, o bugio é um sentinela avisando o homem da chegada da febre amarela.
        A febre amarela é causada por um tipo de vírus conhecido como flavivírus que circula no ambiente em dois ciclos, um ciclo silvestre e um ciclo urbano, no ciclo Sivestre os macacos atuam como hospedeiros e mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes como transmissores, quando infectados no ciclo urbano, o homem é o hospedeiro e o transmissor é o mosquito Aedes aegypti, infectado. O elo entre os dois ciclos se dá quando humanos que não foram vacinados transitam no meio de florestas e ou meio rural e é picado por mosquito contaminado posteriormente esses humanos se deslocam para o meio urbano.
      Em nosso estado no período de outubro de 2008 a fevereiro de 2009 ocorreu o maior surto de febre amarela já registrado, durante o surto estima-se que morreram mais de 2 mil bugios das espécies Alouatta guariba clamitans (bugio ruivo), e Alouatta caraya (bugio preto) ambas espécies em ameaça de extinção, este surto caracterizou-se por epizootia ou seja epidemia de uma doença atingindo somente animais.
      A ação para vacinação da  população foi rápida, graças a associação entre um rígido esquema de imunização organizado e executado pelos órgãos de saúde e os sinais de alerta de nossos principais sentinelas da doença os bugios.
     No entanto a falta de informação de parte da população, a onde apontava-se os macacos como responsáveis pela transmissão de febre amarela, causou pelo que se sabe o abate de muitos animais no Rio Grande do Sul, uma completa ignorância .
      Os bugios são animais florestais, alimentam-se basicamente de folhas mas não de qualquer folhas, eles necessitam folhas de determinada idade e de determinadas espécies de árvores, necessitando grande diversidade de plantas, esses animais habitam as copas altas das árvores e não são adaptados ao deslocamento pelo solo e quando são obrigados a isso, são presas fáceis para seus predadores principalmente o homem e seus cães.
      É importante ressaltar que matar primatas constitui crime previsto em lei (Lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998), com pena de multa e detenção de seis meses a um ano. Além disso, as duas espécies de macacos mais afetados, o bugio-ruivo e o bugio-preto são citados na lista estadual de espécies ameaçadas.
     Caso sejam encontrados macacos mortos, ou caídos no solo adoentados, não se deve manipulá-los. Nesta situação, comunica-se imediatamente  às Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde e/ou às Delegacias do Ministério da Saúde, responsáveis por analisar os casos.
       Na foto ao lado, tirada pelos colegas da Emater-RS, Fernando Missio e Mauricío Klauck mostra um exemplar que habita a nossa região, a foto foi tirada no mês de abril de 2010 a beira da estrada na comunidade de Dois Arroios no município de Alto Alegre/RS, isso mostra que ainda temos exemplares da espécies na região ao contrário do que muitos comentavam que todos tinhas morrido após a ocorrência da febre amarela já citada.
       Porém cabe a nós preservar a espécie mantendo corredores de mata para que esses animais possam se locomover com segurança ao contrário do que o exemplar da foto está fazendo, pois como já citado, ele se torna presa fácil principalmente para o ataque de cães.


Rural Atual